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Quando acumular adoece

Prefeitura remove duas caçambas de detritos em residência improvisada no Parque Verde

Uma movimentação inusitada chamou a atenção dos moradores do bairro Parque Verde no último 31 de outubro. A cena incomum era uma ação conjunta entre a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e a Secretaria de Ação Social para retirar entulhos e desalojar uma idosa que enfrentava o que os especialistas chamam de Transtorno de Acumulação.

A situação foi constatada inicialmente pelas equipes do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), após a própria moradora buscar ajuda na unidade localizada no bairro Cancelli.

Em poucos meses, ela havia transformado uma moradia estabelecida sob uma cobertura improvisada em um amontoado de objetos que já punham obstáculos no passeio público.

Durante visitas ao local as equipes do CRAS constataram que era preciso mobilizar uma força tarefa: Secretarias do Meio Ambiente, Ação Social e Saúde. Foram coletadas duas caçambas de resíduos acumulados ao longo de apenas alguns meses pela portadora do transtorno.

Convidado pelo Pitoco a comentar o episódio, o psiquiatra Augusto Fonseca deu o diagnóstico: síndrome da acumulação compulsiva, um hábito relativamente comum mesmo em pessoas tidas como “normais”, mas que pode escalar para nível patológico quando interefere na qualidade de vida e higiene pessoal.

Fonseca tratou muitos casos nas décadas dedicadas à saúde mental. Segundo ele, 3% da população apresenta diferentes níveis de acumulação, geralmente em idade mais madura.

“É uma patologia que se apresenta com frequência no luto. Enlutados se sentem desleais quando se desfazem de algo que era de um falecido. Mas a partir do momento que isso se torna patológico, coloca em risco a segurança das pessoas com incêndios ou criando ambiente para propagação de vetores como ratos e insetos”, diz o doutor.

E qual a terapêutica para o caso? “Quando atinge o nível patológico temos que intervir com terapias e medicamentos à base de antidepressivos”, explica Fonseca. No caso da acumuladora do Parque Verde, além da limpeza no local, o procedimento inclui o cadastro do morador através
do CRAS para que ela seja acompanhada por psicólogos que irão confirmar o diagnosticar e dar início ao tratamento.

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