
Mais de 2 mil pessoas aguardam por transplante de córnea no Paraná
Com 19 anos de atuação, o Banco de Olhos de Cascavel já realizou mais de 7 mil captações e distribuiu mais de 14 mil córneas

“Hoje, enxergo a vida com um novo olhar.” É assim que Dayane Lorane Batista de Andrade, de 37 anos, resume a transformação em sua vida após receber um transplante de córnea. Os primeiros sinais do ceratocone surgiram ainda na infância. Aos 9 anos, ela começou a sentir dores constantes nos olhos, vermelhidão, sensibilidade à claridade e percebeu que algo não estava bem. “Eu sentia muita dor, não tinha mais reflexo no olho direito e a visão foi escurecendo, até que nem vultos eu conseguia ver”, relembra.
A preocupação da mãe levou Dayane a um oftalmologista, que diagnosticou ceratocone, doença que afeta a curvatura da córnea e pode levar à cegueira. O primeiro transplante foi realizado aos 13 anos, em Belo Horizonte (MG). No entanto, duas décadas depois, o enxerto foi rejeitado, causando úlceras e agravando ainda mais a perda de visão.
Depois de enfrentar anos de espera e incertezas, Dayane decidiu buscar atendimento no Hospital de Olhos de Cascavel. A partir desse momento, inscreveu-se na fila de transplante do Paraná, aguardando a doação da córnea. A viagem foi longa, mais de mil quilômetros e quase 20 horas de estrada, até que ela recebeu a notícia. “No dia 11 de abril de 2025, fui informada sobre a confirmação da cirurgia. Quando cheguei ao hospital, me senti em casa. Fui acolhida com muito carinho”, conta. “Foi um momento muito especial. Eu já não enxergava nada e já havia passado por um transplante no olho esquerdo e dois no direito”.
Quando a córnea perde sua forma
O ceratocone é a principal causa de transplante de córnea no Brasil. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a doença está entre as principais responsáveis pelos cerca de 13 mil transplantes realizados anualmente no país. A condição provoca o afinamento e a deformação da córnea, que adquire formato de cone, comprometendo de forma progressiva a visão.
“Essa doença afeta principalmente crianças, jovens e adultos jovens, mas pode ser prevenida. Além de manter consultas regulares com o oftalmologista, é fundamental evitar coçar os olhos. O hábito de esfregá-los com frequência provoca microtraumas na córnea, que a tornam mais frágil, fina e com formato de cone”, explica o oftalmologista do Hospital de Olhos de Cascavel, Dr. Ramon Hallal.
O tratamento pode incluir o uso de óculos, lentes de contato especiais, implante de anel intracorneano e, em casos mais avançados, o transplante de córnea. De acordo com o Ministério da Saúde, o ceratocone afeta cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil. “O transplante é indicado apenas quando não há melhora visual com as outras opções e, felizmente, é um procedimento seguro e eficaz. É importante destacar que o ceratocone não causa cegueira irreversível”, reforça o especialista.
Banco de Olhos
O Banco de Olhos de Cascavel, localizado no Hospital de Olhos da cidade, é responsável pela abordagem familiar, captação, preparo e avaliação das córneas. O procedimento apresenta alto índice de sucesso, especialmente em casos de doenças restritas à córnea, devolvendo a capacidade de enxergar e a qualidade de vida a muitos pacientes.
Com 19 anos de atuação, a instituição reúne tecnologia, equipe especializada e estrutura de excelência para a coleta e preparo de córneas. Nesse período, já realizou mais de 7 mil captações e distribuiu mais de 14 mil córneas, devolvendo a visão e a esperança a milhares de pessoas.
Doar é devolver a visão
Setembro é o mês dedicado à conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos. No Paraná, 2.040 pessoas aguardam por um transplante de córnea, segundo o Sistema Estadual de Transplantes. Cada uma dessas vidas pode ser transformada por uma atitude simples: conversar com a família e manifestar o desejo de ser doador.
“Enxergar novamente é uma dádiva de Deus. Eu acreditava que nunca mais conseguiria ver meu filho crescer ou fazer as coisas simples do dia a dia. Doar é transformar a dor de uma família em esperança para outra. Graças a esse gesto, voltei a ler e trabalhar”, agradece Dayane.
Sobre o Hospital de Olhos de Cascavel
O Hospital de Olhos de Cascavel é o único hospital oftalmológico do Paraná com a certificação ONA Nível 3, o que atesta a qualidade e segurança oferecida aos pacientes há mais de três décadas. Com duas unidades localizadas em Cascavel e uma unidade prestes a ser inaugurada na cidade de Toledo, o Hospital de Olhos é referência em cuidado com a visão. Além do corpo clínico altamente qualificado, oferece aos pacientes estrutura moderna com salas cirúrgicas, centro de diagnóstico por imagem, ambulatórios clínicos e cirúrgicos, todas elas equipadas com tecnologia de última geração para exames e procedimentos.
Tópicos
Leia mais


Cascavel recebe sete novas ambulâncias e fortalece a saúde pública

Catuaí Cascavel apoia Hemocentro de Cascavel em campanha de doação de sangue

Catuaí Cascavel recebeu ação do Hemocentro para cadastro de doadores de medula óssea

Com apoio do Catuaí Cascavel, Uopeccan inaugura quiosque para reforçar auxílio a pacientes com câncer
