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Agronegócio

Cânhamo: ativo bilionário estratégico para a bioeconomia e o agronegócio

Cânhamo: ativo bilionário estratégico para a bioeconomia e o agronegócio

O cânhamo é uma planta milenar que retorna ao centro do debate global como agente de transformação. Com múltiplas aplicações — da medicina à alimentação saudável, da construção civil aos biocombustíveis, das fibras têxteis aos bioplásticos —, essa variedade não psicoativa da Cannabis sativa se destaca como aliada estratégica na transição para uma economia regenerativa e de baixo carbono.

O uso medicinal e terapêutico tem impulsionado o avanço da regulamentação. Seus biocompostos demonstram eficácia no tratamento de dores, inflamações e distúrbios neurológicos, conquistando espaço na medicina integrativa e na indústria farmacêutica. Na alimentação, suas sementes são ricas em proteínas e óleos vegetais de alta qualidade, ômegas 3 e 6, fibras e antioxidantes, sendo consideradas um superalimento. Já na indústria, suas fibras são matéria-prima versátil para tecidos, papel, bioinsumos e materiais sustentáveis.

Além de seu amplo uso, o cânhamo alinha-se às metas ESG e às demandas por sustentabilidade, ao contribuir para práticas agroecológicas regenerando solos degradados e capturando carbono.

Em decisão histórica de 2024, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu que o cânhamo com até 0,3% de THC não é psicoativo, determinando que o governo federal estabeleça normas para seu cultivo, processamento e comercialização. O plano homologado prevê que todas as regras estejam publicadas até setembro de 2025, incluindo diretrizes sobre importação de sementes e fiscalização rigorosa.

Trata-se de uma oportunidade concreta para o Brasil destravar uma nova cadeia produtiva, capaz de gerar empregos, estimular a inovação e promover inclusão social. Países como o Paraguai já colhem resultados positivos com o cultivo legal desde 2020. O Brasil, com sua biodiversidade, clima e capacidade agrícola, tem todas as condições para liderar esse mercado bilionário — desde que haja vontade política e visão estratégica.


Leonardo Villa Verde é engenheiro agrônomo com experiência em projetos multidisciplinares de agricultura regenerativa à produção de alimentos.

Consultor em biotecnologias para cultivos da cannabis.

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