Ao chegar à redação do jornal na manhã da última terça-feira, primeiro dia de outubro, acionei um tag para abrir o portão do prédio. A porta do escritório já estava aberta por quem chega mais cedo, o primo Fredy, nosso financeiro do jornal há mais de um quarto de século.
Toquei nos bolsos encontrei dois molhos de chaves. Nenhuma delas foi utilizada para acessar minha estação de trabalho. Olhei novamente com mais calma e constatei alguns excessos: Por que o dois molhos de chaves, se eu posso unificar em um só simplesmente esgaçando aqueles anéis prateados que as unem?
O que fazia ali aquela chave que abria a garagem do Beto Pompeu - vizinho que havia cedido um espaço para minha bike elétrica anos atrás – se nunca mais acessei a generosa cortesia?
Olhando mais de perto encontrei várias outras chaves em desuso há anos. E veio a analogia como uma chave mágica que abriu minha mente: quanto peso material e imaterial carregamos no bolso, nas costas, na mente, há tantos anos, e não damos conta da quantidade de energia que isso nos subtrai todos os dias?
Olhe para seu molho de chaves, para o roupeiro, para as gavetas, para os papéis e coisas do passado que entulham sua mente, e desapegue, limpe, doe, recicle, elimine, reduza a bagagem.
Em tempo: creio que o escritor Paulo Coelho já enfrentou o dilema dos pesados molhos de chaves, quando disse: “Não desista. Geralmente é a última chave no chaveiro que abre a porta”.