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Proposta indecente?

Após longo silêncio, empresário envia link de acordo para credores; ativos de R$ 1,4 bi podem estar em um super pen drive, em lugar incerto e não sabido, longe das canetadas do Judiciário

Os credores da Sbaraini Capital, empresa indiciada na Operação Ouranós da Polícia Federal em novembro do ano passado, levaram um susto duas semanas atrás. Uma mensagem oferecia um link para acessar uma minuta de acordo. A proposta vinha na linha de confissão de dívida e dação em pagamento para credores que tivessem até R$ 200 mil para receber no imbróglio.

A frustração começou pela linha de corte. Todos os que possuem mais de R$ 200 mil apreendidos estão fora do jogo, pelo menos nesse primeiro momento. E são muitos. Quando a PF bateu às portas do empresário Eduardo Sbaraini, cascavelense nato, herdeiro da uma fortuna do avô Benjamim, a Sbaraini Capital contava 16 mil investidores, remunerados a 3% ao mês, em uma “mágica” vendida como possível através da compra e venda de criptomoedas em tempo real.

Muitos cascavelenses caíram na esparrela. Somente o escritório Boschirolli & Gallio Advogados atende mais de 40 lesados pela Sbaraini Capital. Alex Gallio, que também preside a OAB local, pôs lupas no acordo proposto e emitiu um parecer para seus clientes desaconselhando a adesão.

BENS PENHORADOS

Entre outras pontos vulneráveis do acordo proposto, o advogado Gallio enfatiza o mais preocupante: Eduardo criou uma nova empresa, a Maybau SA, que integralizaria cotas da Agropecuária Sbaraini. Assim, os credores receberiam cotas da nova empresa. 

“Mas há alguns problemas aí”, explica o advogado. “As cotas da Agropecuária estão penhoradas em vários processos, a Junta Comercial não vai conseguir integralizar a ações na nova empresa recém criada pelo Eduardo”.

O próprio escritório Bosquirolli & Gallio obteve judicialmente a penhora de ativos da Sbaraini, incluindo automóveis, imóveis e ações. Segundo apuraram os defensores dos lesados, Sbaraini diz ter ativos palpáveis e “analógicos” da ordem de R$ 6 bilhões. A Sbaraini Capital, outros R$ 1,4 bilhão em ativos digitais. 

PARAÍSO FISCAL?

Aqui está o problema. Se esses ativos estiverem viajando pelo planeta em algum paraíso fiscal, convertidos em criptomoedas armazenados numa espécie de pen drive, nem mesmo o Judiciário consegue acessá-los.

“O caminho é obter judicialmente a ordem para leiloar os bens físicos de todo o grupo Sbaraini e com esses recursos devolver o capital dos investidores”, disse Alex Gallio. 

Resta aos surupiados aguardar os próximos capítulos…

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