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O agro em 2023 e o que esperar de 2024

Em 2023, a agropecuária, termologia aplicada para se referir aos segmentos agrícola e pecuário, iniciou a todo vapor com um superávit de US$ 8,69 bilhões no quesito exportações, com o milho “nadando de braçada” no mês de janeiro, apresentando alta de 166,5% no valor e de 125,9% na quantidade. Vale ressaltar: o Brasil é o terceiro maior exportador de milho do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Argentina.

O trigo continuou sendo o principal produto da pauta de importação brasileira, com alta de 13,2% em valor frente a janeiro de 2022, enquanto a quantidade importada caiu 12,3% no mesmo período. A importação de malte foi destaque em janeiro, com incremento de 37,6% e 9,4% no valor e na quantidade, respectivamente.

Em meados de 2023, a CNA (Confederação Nacional da Agricultura) pediu a liberação de R$ 1 bilhão como suplementação para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural. Além disso, a CNA também pediu a garantia de aprovação de R$ 3 bilhões no orçamento anual de 2024. Somente em 2022, as seguradoras pagaram mais de R$ 10 bilhões em indenizações.

O fenômeno El Niño continua provocando danos consideráveis na safra paranaense e também de outros estados. O impacto causado pelos eventos climáticos atingiu R$ 2,5 bilhões em perdas, em virtude do excesso de chuvas, altas temperaturas e fortes ventos. “Lamentavelmente é um quadro delicado. É um El Niño muito forte. Não esperávamos essa magnitude”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

E as guerras também persistem causando impactos severos na agricultura. O embate entre Rússia e Ucrânia continua e com isso, os reflexos para a agricultura mundial ainda são sentidos. Não bastassem as perdas financeiras, os agricultores da Ucrânia precisam lidar com a contaminação de suas áreas por minas terrestres. Por sua vez, a guerra entre Israel e Hamas aumentou os custos agrícolas. Os países árabes são importantes destinos da produção agrícola. O bloco representa 6% do destino de todos os produtos do agronegócio neste ano de 2023. Atualmente, Israel é o 6º principal fornecedor de fertilizantes do Brasil, com 1,2 milhão de toneladas.

E a agora, vivemos na iminência de mais um conflito, bem próximo do Brasil, entre a Guiana e a Venezuela. O presidente venezuelano, Nicolas Maduro, quer a anexação de 70% do território do país vizinho. Em Roraima, na divisa, a tensão prevalece, colocando em risco as exportações brasileiras para ambos os países.

Em relação à pecuária, a arroba do boi acumulou queda de mais de 20% neste ano, se consolidando como um dos piores anos da história para o setor, colocando as margens no vermelho. O preço do boi se manteve estável no segundo semestre
do ano, com a arroba variando entre R$ 230 e R$ 240. Na segunda quinzena de dezembro, a expectativa é de um pequeno aumento no valor da arroba do boi.

Na avicultura, o presidente do Sindiavipar, Roberto Kaefer, destaca o Paraná como o maior produtor e exportador de carne de frango do planeta. “Temos a grande responsabilidade de produzir dentro dos números viáveis para as demandas dos mercados interno e externo, mantendo assim os níveis de resultados, econômicos para toda a cadeia produtiva”.

Dezembro começou com o agronegócio torcendo o nariz para o aumento da alíquota de ICMS de 18% para 19%, proposto pelo governo do Paraná. A postura do governo levou o G8, grupo formado pelas principais entidades de classe de Cascavel, a enviar ofício ao governador Ratinho Jr. e aos deputados estaduais pedindo a derrubada deste projeto. Já o último relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), em dezembro, cortou a estimativa de produção de soja no Brasil. Os americanos projetaram a safra mundial 2023/24 em 398,88 milhões de toneladas. Com isso, os estoques finais foram reduzidos em 114,51 milhões de toneladas.

2023 termina com agricultores furiosos. Em uma das regiões agrícolas mais importantes da França, Bretanha, agricultores jogaram esterco em prédios públicos e atearam fogo em pneus. Eles reclamam das regulamentações excessivas relacionadas ao setor. Outro motivo do protesto é o acordo entre Mercosul e a União Europeia. Para eles, o tratado poderia abrir espaço para o Brasil no bloco econômico. Em resumo, 2024 tem tudo para começar de maneira cadenciada para o agronegócio, com os fatores positivos começando a se firmar a partir do segundo semestre do respectivo ano.

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