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Macanhão, o agropetista!

“Bin Laden” tirou a barba pela última vez na inauguração do Estádio Olímpico, em 1982; trata-se de um caso raro de petista no agro

Quem vê aquele barbudo franzino colocando seus olhos verdes na vasta lavoura de trigo ondulada com a brisa outonal nos 60 alqueires da família na Linha Peroba, em Cascavel, poderia apostar que na sua camionete iria encontrar um adesivo
do “Mito”.

Ledo engano, nem camionete, nem adesivo. Carlos Macanhão é um raro médio produtor rural de Cascavel que pega na enxada com o braço esquerdo. Filiado ao PT desde o distante 1986, Macanhão candidatou-se a vereador pela sigla em 1988
e 1992. Sempre sem grandes pretensões. Ele queria mesmo era somar votos para a legenda, permitindo que a sigla alcançasse o coeficiente eleitoral necessário para obter uma cadeira na Câmara.

Sempre houve mercenários na política. Mas Macanhão nunca fez parte dessa lista. Atuou como voluntário em várias campanhas. Hoje os voluntários escassearam até mesmo nas siglas mais ideológicas. “Memorável a campanha a prefeito do Ernani Pudell”, recorda-se Macanhão. “Eu fabricava a cola na casa de madeira que servia de sede para o partido na rua São Paulo; o João, irmão do Ernani, buscava a gente e saíamos para colar cartazes madrugada adentro”.

ONDE ANDA?
A seção “Onde Anda Você?” encontrou Carlos Macanhão onde ele sempre esteve, faz pelo menos seis décadas: no numeral 1289 da rua Rio de Janeiro, centro de Cascavel, onde mora com a irmã Maria de Lourdes, eleitora de Bolsonaro.

Bin Laden, Papai Noel... o agricultor carrega muitos apelidos. É um sujeito pacífico, mesmo em tempos de odiosa polarização política: “Converso numa boa com os bolsonaristas do agro. Eles não vão mudar meu voto no Lula, nem eu irei mudar
o voto deles”, resigna-se “Maca”, como também é conhecido.

E a barba? Essa não cai tão fácil. “Tirei a barba pela última vez no dia em que inauguraram o Estádio Olímpico, em 1982. Quando me candidatei a vereador, me convenceram a dar uma aparada. Meio a contragosto diminuí um pouco, mas tirar eu não deixei”, relata Carlos Macanhão, o raríssimo agropetista.

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