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PSD aposta em Ratinho Jr.

Em rede nacional de TV, presidenciável do PR se apresenta como direita contemporânea, sem extremismos, mas igualmente crítica ao lulismo e às velhas oligarquias da política

PSD aposta em Ratinho Jr.

O que antes era balão de ensaio agora tem roteiro, direção e horário de exibição. Com a estreia de uma campanha publicitária em rede nacional, o PSD tirou oficialmente do bastidor o nome do governador do Paraná, Ratinho Junior, e o projetou como protagonista em cena aberta: pré-candidato à Presidência da República, ainda que com o pudor calculado de quem não rasga a fantasia antes do baile começar.

A peça, lançada no último dia 18, marca um novo momento. O partido presidido por Gilberto Kassab - um dos mais hábeis maestros da política brasileira, que rege orquestras distintas sem nunca desafinar - decidiu que era hora de “furar a bolha” do Sul e Sudeste, expandindo o alcance de Ratinho para o restante do país. A publicidade, distribuída pelas redes sociais e também adaptada para a TV, traz o governador paranaense falando de si, da sua origem, da sua gestão e, sobretudo, da sua visão de Brasil.

Logo de início, a peça lança mão de uma carta com alto valor simbólico: Ratinho Junior é filho de Carlos Roberto Massa, o Ratinho — apresentador de televisão de enorme popularidade nacional. Não se trata de um detalhe, mas de uma âncora emocional. O programa de seu pai é líder de audiência no Nordeste e ícone de prestígio junto às camadas populares. Ao declarar com naturalidade sua filiação, o governador cola sua imagem à de uma figura reconhecida e querida, numa tentativa clara de reduzir a distância com o eleitorado de regiões onde seu nome ainda é pouco conhecido. É o gesto de quem sabe que, na política nacional, identidade e afeto também elegem.

Com narrativa alinhada à estética emocional do marketing político contemporâneo, Ratinho rememora as raízes no interior do Paraná, o início profissional como sonoplasta em rádio, a formação em marketing e a atuação empresarial. Cada detalhe é cuidadosamente escolhido para construir a imagem de um homem comum com trajetória própria, mas também com uma herança de comunicação de massa que agora se recicla na esfera pública. 

Sem citar adversários, o governador se posiciona com clareza: defende a propriedade privada, a liberdade individual, a força do trabalho e a superação do “Brasil das brigas ideológicas”. A retórica é nítida: Ratinho Junior quer representar uma direita contemporânea, sem extremismos, mas igualmente crítica ao lulismo e às velhas oligarquias da política nacional. O PSD captou o sinal. Identificou que os ventos podem estar soprando a favor de uma candidatura com o perfil do governador do Paraná. Por isso, a campanha publicitária é mais do que um gesto de apoio: é a senha de entrada no jogo real.